Preços com "variabilidade". Pesca da sardinha reabre ao fim de quatro meses

por Carlos Santos Neves - RTP
A pesca da sardinha havia sido interrompida a 4 de dezembro Horácio Antunes - Antena 1

É retomada esta segunda-feira a pesca da sardinha, ao cabo de quatro meses de interrupção. Os pescadores portugueses podem capturar 34.406 toneladas, uma quota que excede o limite do ano passado em cinco mil toneladas. A Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco estima que os preços "para o consumo em fresco andem pela mesma média do ano anterior, talvez um pouco mais".

Os limites para a pesca da sardinha são geridos por Portugal e Espanha. A frota portuguesa dispõe de 66 por cento do total.

“A pesca da sardinha (sardina pilchardus) é reaberta a partir das 0h00 horas do dia 21 de abril de 2025”, lê-se no diploma que autoriza a retoma da captura, assinado pela secretária de Estado das Pescas, Cláudia Monteiro de Aguiar.As embarcações de pesca deverão sair para o mar na próxima noite, pelo que os primeiros carregamentos de sardinhas deste ano só vão começar a chegar na terça-feira.


Ficam estabelecidos períodos durante os quais não é possível capturar, descarregar ou vender sardinha para lá dos limites definidos.

A partir desta segunda-feira, as embarcações com comprimento de fora a fora inferior ou igual a nove metros dispõem de um limite de 1.800 quilogramas ou 80 cabazes.

Já as embarcações com comprimento superior a nove metros e inferior ou igual a 16 metros dispõem de um máximo de 3.150 quilos, ou 140 cabazes, ao passo que, para as embarcações de comprimento acima de 16 metros, o máximo é de 4.500 quilos, ou 200 cabazes.Em dias de feriado nacional é proibido capturar, manter a bordo, descarregar ou vender sardinha.

A partir das 0h00 de 5 de maio, as embarcações com comprimento de fora a fora inferior ou igual a nove metros têm um limite de 2.250 quilos, ou 100 cabazes.

Acima de nove e aquém de 16 metros, o máximo é de 3.938 quilos, ou 175 cabazes. Já para as embarcações com comprimento superior a 16 metros o limite é de 5.625 quilos, ou 250 cabazes.

A partir das 0h00 horas do dia 2 de junho, o limite será de 2.700 quilos, ou 120 cabazes, para embarcações de comprimento inferior ou igual a nove metros, de 4.725 quilos, ou 210 cabazes, para embarcações com mais de nove metros e 16 ou menos metros e de 6.750 quilos, ou 300 cabazes, para embarcações com comprimento superior a 16 metros.

É proibida a transferência de sardinha para uma lota diferente do respetivo porto de descarga, tal como uma embarcação descarregar em mais de um porto por dia.
"Expectativas são muito positivas"
Entrevistado na edição desta segunda-feira do Bom Dia Portugal, o presidente da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco, Humberto Jorge, afirmou ter "expectativas muito positivas" para a safra da sardinha.

"As nossas expectativas são também suportadas nos últimos pareceres científicos, que são muito bons. Dão-nos algum conforto não só para esta safra como para as próximas safras, nos próximos anos", enfatizou o responsável."O stock da sardinha passou por uma fase, há alguns anos, bastante má e neste momento tem vindo a recuperar e podemos dizer que está plenamente recuperado. É a maior das certezas relativamente ao nosso futuro", acentuou Humberto Jorge.


Admitindo satisfação com o aumento da quota, o presidente da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco quis sublinhar que o "objetivo principal não é só pescar mais todos os anos, será também pescar melhor".

"Nesse sentido, temos neste momento a decorrer uma certificação de sustentabilidade, MSC, que vai também ele trazer uma mais-valia para a nossa sardinha e contribuir para um aumento da procura, sobretudo nos mercados externos, através da indústria de conservas", apontou.
Quanto ao preço para o consumidor, Humberto Jorge explicou que este, "sobretudo na época balnear e para o consumo em fresco, é formado diariamente, nas respetivas lotas, em função da oferta e da procura": "Tem uma grande variabilidade de dia para dia e, às vezes, até no próprio dia".

"Aquilo que nós contamos é que, em termos de preços médios, para o consumo em fresco, andem pela mesma média do ano anterior, talvez um pouco mais", rematou.

c/ Lusa
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